terça-feira, 29 de abril de 2008
Não-lugar
quinta-feira, 24 de abril de 2008
A Gaivota
Obrigado, não há de quê, e assim começa. Poderia ter sido de propósito, poderia ter sido complexo, mas foi assim, simples, sem tramas, sem ardis. Obrigado, não há de quê. Um agradecimento que eu joguei, você retribuiu, e a gente se olhou e se viu, apesar da calçada cheia de lixo e do cheiro podre que insistia em se fazer notar. Nesse momento, a gente olhou pro céu, não sei se com o intuito de disfarçar qualquer coisa, qualquer precipitação que poderia ser mal-interpretada. Acho que, no fundo, a gente buscou não se olhar, porque se a gente se olhasse (e a gente já tinha se olhado), teria a obrigação de progredir, de ir além, mas quem ousaria transpor o muito-obrigado-não-há-de-quê? E quem de nós quebraria o gelo invisível, quem de nós pronunciaria qualquer palavra tola e estúpida pra quebrar aquilo que ainda não tinha nome? Mas bem, a rua fedia, fedia mesmo, e o céu estava nublado e a gente olhava pro céu. E ao mesmo tempo em que não podíamos quebrar o gelo, não podíamos deixar que derretesse, que ficasse assim, se desmanchando pouco a pouco e fosse escorrendo pro ralo da via pública, se misturando ao chorume do lixo que fedia cada vez mais.
Então, olhávamos por céu. E o céu era cinza. E passou uma gaivota no céu. E aí, aí, eu olhei pra você e sorri. Perguntei se você tinha visto a gaivota e, olha só que coisa estúpida, isso não é lá coisa que se pergunte, mas bem, o gelo não tinha se derretido ainda, fiz o melhor que pude antes que você pudesse pensar em me virar as costas pra ir embora sem que eu soubesse nem o seu nome. Foi um recurso, a gaivota que passou, uma função fática bem empregada, isso, função fática, essa função lingüística que só serve pra manter contato e a gente aprende na oitava série, um oi, um alô, uma gaivota, poderia ter sido o táxi que passou quase nos atropelando enquanto olhávamos para cima, uma bicicleta, o bêbado que cambaleava no pé-sujo do outro lado da rua. Mas foi a gaivota.
Você baixou os olhos no momento em que eu falei com você, talvez um pouco antes porque você sorriu um sorriso sem graça e disse que não tinha visto e ficou parecendo naquilo tudo que eu te interrompi, que interrompi o que quer que você fosse fazer com os olhos longe do céu, acho que me olhar. Sim, você ia baixar os olhos e ia olhar de volta pra mim, talvez fosse embora, talvez olhasse pros meus pés pra ver se eu calçava uns All Stars que nem os seus, talvez, talvez. Mas nunca soube. Soube que baixou os olhos e me fitou, longa, profunda, num riso sem graça que se dissipava e te deixava com um aspecto de inexpressão crônica, assim, a fitar-me, a medir-me, de dentro dos seus olhinhos pretos.
Eu lembro do seu aspecto, inquisitiva, quase soturna. Mas, de repente, e muito de repente, você perguntou se eu tinha visto o bêbado, no outro lado da rua. E quando você me perguntou isso, você abriu um sorriso tão largo que, putz, pude contar todos os seus vinte e oito dentes, é, você não tinha sisos. Eu juro, diria que não, não pelo fato de que eu realmente não tivesse mesmo visto o bêbado do lado de lá, mas é que eu também fiquei com uma certa raiva incontida de você porque você não tinha visto a maldita gaivota que agora ninguém nunca mais verá, mas ok, decidi dar um crédito, um voto de confiança a você, ao mesmo tempo pelo seu sorriso e pela sua atitude de jogar uma contra-função fática para mim, porque, analisando as coisas sob outra óptica, você poderia muito bem ter girado nos calcanhares e ter me virado as costas sem que as coisas evoluíssem além desse passo e eu ficaria aqui, terno, com uma cara de bobo, um toco seco no meio da calçada que fedia. E decidi, por fim, olhar pro bêbado do outro lado da rua, não pelo bêbado, mas só pra poder dizer que o tinha visto e dar um sorriso tão largo quanto o seu. E, para que a partir daí, talvez, quem sabe, pudéssemos avançar para um outro tipo de assunto, adotar outros estratagemas que permitissem uma aproximação mais real e mais franca, sem que tivéssemos necessariamente que ficar ali naquela rua que fedia mais que qualquer coisa.
Então, eu olhei pro bêbado. Eu vi o bêbado que cambaleava trôpego, apoiando uma das mãos no pequeno poste de metal que indicava que ali era um ponto de ônibus e carregando um terço na outra mão. E eu ri, ri um riso meu, mas o meu riso é feio. Feio sem motivo aparente, feio por ter sido assim sempre, sem que me precisassem faltar os dentes ou ter a boca torta. Feio porque não harmonizava com o meu rosto e a boca, não sei, meio que não abria espaço pros dentes aparecerem e os dentes, grandes, exigindo espaço para se mostrar ao mundo, brancos e incólumes, mas essa boca que se retesava, esse riso preso, aparentemente preso apesar de sincero e muito sincero, essa guerra visível entre a boca e os dentes, isso, era isso que se externalizava pro mundo fazendo com que o meu sorriso ficasse muito feio, desarmonioso, sem que ninguém conseguisse achar uma causa à primeira olhadela descompromissada. Você deve ter achado o meu riso bonito, ou ao menos, não tão feio, porque você, e só aí, só dessa vez, sorriu pra mim de verdade, e eu soube que o seu riso era pra mim e só pra mim, não pra situação, como fora o seu riso largo anterior sem sisos.
Então, eu fiz menção de dizer alguma coisa, possivelmente o bêbado, sim, deveria ser sobre o bêbado, o nosso cupido cristão, deveria pegar um gancho para falar do bêbado, da sua aparência malcuidada, dos seus hábitos condenáveis, sim, bebo, mas socialmente, jamais chego a esse estado, se bem que sim, enfim, uma vez, quando eu ainda era adolescente, mas quem nunca, e enfim, e a partir daí estaríamos todos já bem-resolvidos, já teríamos entrado em contato, já teríamos despidos nossas armaduras e nossos elmos, deixaríamos que nossas espadas descansassem sem que precisássemos tê-las sempre à mão para o caso de qualquer emergência.
Mas antes que eu pudesse falar sobre o bêbado e divagar sobre o seu torpe cristianismo, antes disso, no incomensurável instante antes que as cordas vocais vibrassem para que eu começasse a minha fala que daria margem a toda essa gama de possibilidades onde poderíamos ser nós e só nós, com a boca já entreaberta, você fala alguma coisa e eu quase atropelo a sua fala porque, bem, eu estava tão preocupado e tão concentrado em falar, a começar o assunto que certamente mudaria o curso das nossas vidas dali pra diante, mas bom, talvez você tivesse tido a mesma idéia, no mesmo instante, e tenha ganhado de mim só por uma questão de reflexo e de velocidade, mas, bom, é preciso não só que eu admita a perda e o ter que calar a um instante do som, mas que eu admita que também não consegui mesmo entender o que você disse. Sou forçado, portanto a lançar mão de um oi, como, repete, não entendi, ou de outras artimanhas que certamente demonstrariam um grau, ainda que pequeno, de surdez ou de déficit de atenção. Você repetiu, um pouco mais alto e pausadamente, sinceramente em dúvida se o meu problema era de surdez ou de retardo, que ali fedia.
Achei na hora, confesso, um disparate você ter dito aquilo assim, sem preparo, na lata, um “aqui fede” que soa quase como um “você fede” depois de um obrigado e de uma gaivota e de um bêbado. Contemporizei e, tentando levar pelo lado positivo da coisa, talvez você estivesse querendo dizer não que fosse eu quem estivesse fedendo ou que o assunto fedia, não, nada disso. Talvez você estivesse querendo apenas dizer que o lugar fedia, e fedia mesmo. E que poderia ser interpretado como um convite de vamos-sair-daqui, porque bem, fede.
O problema dessa hora é que você olhou pra mim com uns olhos interrogativos, sem sorriso nem muxoxo. Olhou como quem mais do que interrogar, alfineta, propõe um desafio, algo como “e agora, o que você vai dizer, o que você fazer?”. Confesso que a primeira coisa que me veio naquela hora foi dizer um “fede mesmo” e te devolver esses olhos de charada, certo de que te colocaria em uma sinuca de bico e você ficaria desesperada, atônita, aflita, sem saber o que fazer. Sim, passar a bola pra você, igual a gente faz quando está conversando na internet e diz alguma coisa só pra dizer que disse, só pra dizer “agora é com você, seja capaz de puxar um assunto mais interessante”. Mas pensando um pouco melhor, descobri que não seria o melhor caminho, porque veja, você ali, donzelinha, com um cara estranho que agradecia e falava de gaivotas, estaria no pleno direito de virar as costas sem dizer palavra se se sentisse amedrontada, como um coelho em fuga. E, novamente, eu, pretenso vitorioso dessa guerrinha estúpida e sem sentido mesmo antes de nos conhecermos, ali, a olhar pra paisagem fétida enquanto você ia embora.
Não, definitivamente não. Eu tinha que dizer alguma coisa, rápido. Alguma coisa que, ao mesmo tempo que não te encurralasse, deixasse transparecer que eu tinha entendido o seu truque, o seu jogo sujo, e que, por mais que não fosse a tão fatídica e previsível sinuca de bico, fosse uma outra jogada, nova, que abrisse o jogo do tabuleiro de xadrez para que pudéssemos jogar com classe e com liberdade de movimentos, sendo cada um de nós responsável por cada jogada, por cada palavra, cada lance, cada passo em falso.
Saí com meus cavalos e parti pro jogo, não sem antes vestir uma deslavada carapuça de perdedor. Lancei o “fede mesmo”. E fingi que deixaria nisso, fiz questão de deixar aqueles três segundos no ar, aquele silêncio no qual as pessoas matutam suas dúvidas, aquele instante no qual você se questionaria resoluta, mas então, será que é só isso? Mas não poderia deixar o fede mesmo solto. Emendei logo depois dessa pequenina pausa estratégica um “você aceita uma carona?”. E a partir daí, a situação fiou quase cômica porque era muito surpreendente pra você que eu puxasse a carona como uma carta na manga e você retrucou um “oi?”, assim, como pra ver se era realmente isso que tinha sido dito e não alguma coisa como fanchona, bobona, acetona.
Mas sim, era uma carona, exatamente uma carona aquilo que eu te oferecia naquele instante. Você se valeria dos seus artifícios, certamente pra ganhar tempo, mas bem, eu deixei as suas aritméticas sem variáveis, seus orçamentos sem margens, você não tinha com o que jogar.
Você não sabia pra onde eu ia, não sabia quem eu era, não sabia nada de mim. E, agora numa perspectiva mais material, você não sabia qual era o meu carro, se tinha ar-condicionado, som stereo, quatro portas, conforto, air-bag, e não me venha com o papo de que as mulheres não pensam nisso porque pensam sim: as mulheres, os homens e as crianças. Não sabia a quantos metros o meu carro estaria estacionado. Não sabia se era uma demonstração singela e descompromissada de educação ou se era uma tentativa de fazer a côrte, de dar início a qualquer desses joguinhos de demonstração de poder, de abrir a cauda como um pavão, de mostrar-me desde aquele instante um macho alfa.
E teria que negociar com os pensamentos que lhe rondavam, você, naquela hora, porque teria que decidir-se se me respondia ou se me retrucava e se me retrucasse, se tentaria me colocar numa sinuca ou se me faria uma pergunta honesta e ainda, qual pergunta. Mas era preciso que a ação se desenrolasse e você não tinha todo o tempo do mundo. Depois de pensar tanto a ponto de fazer nascer uma ruga sutilíssima logo em cima da sobrancelha esquerda, você disse que aceitava. Pronto, era o que faltava. Você aceitou. Você não soube jogar o maldito jogo, disse que aceitava. Você também fugiu a toda e qualquer previsibilidade, você tinha que ter tentando me ludibriar, tinha que ter querido saber mais: de mim, do carro.
Naquele momento, eu percebi que você entregou os pontos, ao mesmo tempo em que jogava o jogo com uma pretensa habilidade. Ali, você, entregando os pontos, olha só, virava o jogo sem querer. Porque agora, nesse momento em que já não havia mais gaivotas, nem bêbados, nem sorrisos, eu jamais deixaria você desconfiar que não havia também carro. E eu tive que fazer uma manobra, mas uma manobra mal-feita, uma barbeiragem, dessas de quem acaba de tirar a carteira de motorista e quer ficar se achando o tal.
Eu perguntei, sem tempo para devaneios, num átimo, pra onde você ia. E você apontou pra rua, no sentido do fluxo dos carros. E eu fiz uma cara descarada de não-vai-dar-mesmo, porque veja só, eu estou indo para lá, olha, no contrafluxo, justamente no sentido contrário ao seu.
Você olhou fundo pra mim. Fundo, muito fundo, profundo dos meus olhos. Você olhou, eu contra-olhei. No meu contra-olhar, você descobriu que eu mentia, você soube, ligeira, fácil, que não era verdade. E aí você aproveitou as delícias da regra do jogo e jogou. Fluida, meio descompassada e atarantada “Puxa, inda bem, lembrei mesmo que eu preciso resolver umas coisas no banco e ele fica logo ali”, e apontou para o sentido do contrafluxo. Eu poderia tentar insistir para que fôssemos a pé, que meu carro estava estacionado longe, que o trânsito está ruim e que a gente pode ir de trem, metrô, barco, avião.
Mas não havia meio de escapar. Eu me enredei nesse novelo insalubre, caí na própria trama, pisei no ardil. E era preciso que eu falasse alguma coisa porque você me olhava muito dura e não tínhamos tempo e não tínhamos nada. E por não termos nada, pensei que poderia fugir ao pseudo-compromisso de ter que dar satisfações, poderia virar as costas derradeiro, resoluto, olha só que simples, e nunca mais nos veríamos e a situação estaria feita. Mas havia alguma coisa ainda dentro de mim que se compadecia, uma mistura de ética e vontade e eu sabia que não seria capaz de dar-lhe as costas.
E o que quer que eu dissesse era preciso que fosse rápido, porque bem, era sempre possível e provável que o outro de nós estivesse tão cheio com os seus afazeres que não poderia ficar perdendo tempo ali com um desconhecido, numa conversa extravagante, muito embora esse não fosse o motivo principal porque qualquer coisa parecia secundária e menor ante o fedor que se fazia.
E aí, lembro como se fosse hoje, baixei os olhos. Fiquei assim uns trinta segundos, como uma criança que sabe da própria culpa. E depois, depois levantei os olhos até os seus e te encarei. E eu falei que menti. Mal nos conhecíamos e eu já lhe presenteva com uma mentira deslavada, suja, da pior espécie. Esperei os seus olhos me encararem cheios de rancor, de raiva, de mágoa condensada. Mas você me olhou plácida. Depois me olhou pura. Depois compreensiva. Depois complacente. E riu um riso que não era largo, mas que também não era estreito. Riu um riso que não sei descrever, um riso bonito, o riso mais bonito que já vi, mas sem exageros, sem glamour, um riso sincero, belo de dentro pra fora. E rindo, você me disse quase num sussurro que também mentira, que tinha visto a gaivota.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Pra quem nunca me viu...
domingo, 20 de abril de 2008
Além
Questiono sempre a tua modorra tão cotidiana esperando chegar o dia em que alguma rede nos trague para o invisível, para além do limite do alcançável, para além da névoa, da neblina, da bruma.
Queria inda algum dia que nos encontrássemos na rua por acaso e discutíssemos aquela filosofia que ficou esquecida, alguma coisa além daquele Wittgenstein guardado, além dos sinais, dos códigos, das linguagens.
Sei ainda que, não importa o que aconteça, estaremos sempre à margem de nós mesmos e, por mais que nos forcemos a negar, existe algo que subsiste, algo nosso ainda em nós que, mesmo ora separados, nos impele sempre para o lado de lá, para além do carrossel, da roda-gigante, para além de toda essa gente babaca que aí está.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Selos, memes e que-tais
O Yuri aproveitou e me indicou um meme. Coincidentemente, também o meu primeiro meme. XD Sempre vi os memes por aí e ninguém nunca me indica. Fiquem sabendo que eu adoro memes, podem me indicar sempre! XD
Neste meme, eu tenho que dizer os cinco discos que mais fazem a minha cabeça. Na verdade, é uma tarefa complicada (bastante!), mas tentarei fazê-la cometendo o mínimo de injustiças possível (já que, de qualquer forma, será inevitável).
5°) Värttinä - Iki
Värttinä é uma grupo finalndês de folk. Pra quem não sabe, eu curto muito folk e world music. E curto muito a Finlândia também. No som desse grupo, as vocalistas (só tem mulheres no vocal) mesclam instrumentos e elementos típicos da música finlandesa a arranjos mais contemporâneos. O grupo tem uns 20 anos de estrada e tem uma sonoridade ímpar. Esse CD fez com que eu me apaixonasse pela língua finlandesa. Iki é de um lirismo avassalador.
4°) Mawaca - Astrolabio.tucupira.com.brasil
Mawaca, pra quem nunca ouviu falar, é um grupo de brasileiras (sim, outro grupo só de mulheres... rsrsrsrs) que tem uma proposta interessantíssima: elas cantam em dez línguas diferentes e tentam sempre buscar paralelos das músicas de outras culturas com a música brasileira. O resultado? Astrolabio.tucupira.com.brasil é um CD incrível, que tem entre as suas faixas um canto indígena antropofágico, uma ladainha de beatas do interior de Minas, uns cânticos africanos, uns maracatus, umas cantigas de roda, uma música indiana acompanhada por um berimbau e uma música cantada em japonês que emenda numa ciranda. É, na minha modesta opinião, o que existe de mais criativo e genial em termos de música no Brasil hoje. Quem não ouviu, ouça, vale muito a pena!
3°) Weezer - Pinkerton
Curto Weezer à beça. Conheci por acaso, apresentado por um amigo da faculdade. Houve uma fase da minha vida em que eu ouvia os 4 CDs do Weezer (antes do lançamento do Make Believe, que é um lixo) e sabia quase todas as letras de cor. Mas de todos, o Pinkerton é o melhor. Tem uma melancolia característica e, ainda por cima, é rejeitado pelo grupo (pra quem não sabe, o Weezer considera o Pinkerton um erro, um acidente de percurso e nunca tocam uma música dele nos shows). O Weezer veio antes, por acaso. Mas foi a mola propulsora de toda a minha fase mamãe-quero-ser-indie, que embora arrefecida, ainda não acabou.
2°) Chico Science & Nação Zumbi - Da Lama ao Caos
Descobri o Chico Science dia desses. Na verdade, minha irmã descobriu um dia desses. Ela se viciou. E ouvia esse treco o tempo inteiro. Um dia, depois de tanto criticar sem ouvir, decidi dar um crédito e ouvir sem preconceitos. Mal eu sabia que perdia um puta som esse tempo inteiro. É fantástico. Chico Scicence é de uma criatividade e de uma inventividade que a música brasileira nunca mais teve (talvez os Los Hermanos, mas enfim). O manguebeat é música, manifesto, maracatu, mistura. Acho que eu gosto do Chico Science porque a sua música é muito urbana. E eu sou urbano pra cacete! XD
1°) Arnaldo Antunes - O Silêncio
Difícil escolher o primeiro da lista, hein? Pois é, mas consegui. Esse CD foi escolhido não porque ele é melhor do que os outros. Mas por uma questão de memória. Ele vai fundo na minha infância. Depois de muito tempo sem ouvir este CD, parei pra ouvir outro dia e sabia as letras todas de cor, guardadas em algum lugar do meu subconsciente. E é muito bom saber que desde cedo me puseram boa música nas mãos, o que havia de mais poético e de mais vanguarda na época. Arnaldo Antunes (ainda que agora numa fase mais chata) faz parte, inegavelmente, dos meus primeiros contatos com a música. Não posso dissociá-lo das minhas descobertas musicais posteriores.
Bom, tenho que passar adiante o selo e os memes. Os escolhidos (para ambos) são:
Bárbara
Raquel
Até! o/
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Eu e o Estado
1) Quando eu tinha 9 anos, fiz um concurso público para o Colégio Pedro II e passei. Pra quem não sabe, o Colégio Pedro II é uma escola pública de referência no Rio de Janeiro, sendo a única instituição federal no país que possui os ensinos fundamental e médio sem vínculos com ensino técnico ou instituições militares. Tenho muito orgulho de ter estudado lá, mas talvez um dia eu faça um post só sobre ele (eu e minhas promessas de post... huahsuhausu)
2) Aos 14 anos, fiz concurso para o ensino técnico e passei. Estudei no CEFET/RJ e me formei em técnico de informática, concomitantemente ao ensino médio no Pedro II.
3) Para que meu diploma do curso técnico tivesse alguma validade, eu deveria ter um estágio no currículo. Realizei meu estágio (remunerado, diga-se de passagem), na própria coordenação de informática do CEFET/RJ.
4) Chegado o momento de “tomar um tino na vida”, prestei vestibular. Fiz para Engenharia de Produção e acabei passando para o... CEFET/RJ. Estou formado desde o final do ano passado.
5) Dentro da faculdade, decidi participar da empresa júnior, a CEFET Jr. Empresas juniores são empresas geridas apenas por estudantes, situadas dentro da faculdade. Então, por mais que nós movimentássemos o dinheiro dos projetos vendidos pela empresa (era uma empresa júnior de consultoria), o CEFET/RJ pagava as contas de luz e telefone da empresa, além de ceder o espaço. Fiquei na CEFET Jr por um ano e meio, sendo que um ano como Diretor de Qualidade, liderando uma equipe de cinco pessoas. A CEFET Jr foi determinante no meu sucesso profissional.
6) No meio da faculdade e não muito certo do “tino na vida” que eu escolhi quando fiz Engenharia de Produção, prestei vestibular pra Filosofia. Passei pra UFRJ. Em 2006/2 eu estava na Engenharia de Produção, na empresa júnior e calouro de Filosofia (não me perguntem como!). Apesar de eu ter feito só um período, foi uma das melhores épocas da minha vida. Fiz vários amigos e arrumei uma namorada (tá, durou um mês e meio... rsrsrsrs)
7) Após a empresa júnior e depois de ter visto que Filosofia era muito bonito mas não me daria dinheiro, fui procurar estágio em uma área diferente da que eu tinha trabalhado (qualidade). Fui, então, pra área de logística, tendo estagiado no Centro de Estudos em Logística por dez meses. O Centro de Estudos em Logística é uma empresa privada vinculada à COPPEAD, que é a escola de pós-graduação da UFRJ para o curso de Administração. Porém, os estagiários eram pagos com fundos de uma fundação da UFRJ, chamada Fundação Coppetec, isto é, dinheiro público.
8) Depois de sair do estágio, me formar e me dar um merecido descanso de dois meses (sim, de novembro do ano passado até janeiro deste ano, eu não fiz nada, nada, nada!), fui procurar um emprego. Fiz um processo seletivo e passei. Adivinhem pra onde era? Sim, para o Governo do Estado do Rio. Trabalho na área de Planejamento há menos de um mês (meu primeiro salário saiu ontem! XD). E, ainda que extra-quadro (pois não sou concursado), sou funcionário público, isto é, tenho matrícula, crachá, contracheque, horário de entrada e saída reais (sem hora extra), folha de ponto, etc, etc, etc...
9) Estou fazendo um curso do Sebrae chamado Empretec, um curso de formação de empreendedores. O curso é intensivo: tem nove dias de duração, de 8:00h às 18:30h, com muitos trabalhos pra casa e emendando sábado e domingo. To no quarto dia de curso hoje, é bem pesado. O curso é reconhecido pela ONU. Preço? Na faixa de uns R$4.000 a R$5.000 por participante. Ah sim, o Estado está bancando (inclusive cedendo estes dias, nos quais eu não estou trabalhando).
10) Minha mãe é funcionária pública municipal, eu sou funcionário público estadual, meu pai é funcionário público federal. Meu irmão e minha irmã estão estudando no Colégio Pedro II.
Não sei quanto a vocês, mas eu estou fazendo valer cada centavo dos meus impostos. Aliás, pague seus impostos em dia, farei bom uso deles! =PP
o/
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Aniversário
Ah sim, parabéns pra mim! XD
Abraço pra quem é de abraço.
Beijo pra quem é de beijo.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Uma merda
edição do dia seguinte (03/04): Esqueci de dizer a merda-mor; essa sim eu acho que causa mais polêmica do que Glauber ou Lispector: Radiohead é uma merda. Pronto, falei.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Erro
Não sei se está acontecendo com vocês. Mas eu fui postar aqui e tá dando um erro aqui que na minha caixa de postagem não aparece a ferramenta de Rich Text, nem o "Editar HTML", nem inserção de figuras, nada, nada... Dá pra eu alterar manualmente a data da postagem, portanto, vou fingir que estou postando daqui a uma semana, dia 07, vamos ver se ele aceita. Isso deve ser algum truque bobo do pessoal da Google por causa do dia primeiro de abril... ¬¬ To aqui no trabalho, com o post pronto. Mas vou deixar pra postar só quando as coisas se normalizarem... rsrsrsrs
o/