Como vocês podem conferir aqui, não nego que sinto um certo fascínio pelas coisas achadas na rua. Se imagens já me atiçam, textos então, nem se fala. Se for uma carta, então, pronto: minha curiosidade é infinita!
Pois eis que nesse fim-de-semana, andando sozinho na Praia do Flamengo às seis e meia da manhã, cansado e querendo chegar logo em casa antes do sol ficar mais forte, encontro. Era um papel dobrado em 16 pedaços. Não resisto, abro. Era uma carta! Oriunda de Maricá, datada de 11 anos atrás e muitíssimo bem conservada. Assim, no meio da rua. Peguei, abri, corri os olhos. Era uma carta, de fato, uma carta de verdade. Não li naquela hora porque eu ainda tinha que andar umas seis quadras pra chegar em casa, mas levei comigo. Cheguei em casa, li.
É uma carta que não é boa e não é ruim. Entre o desasossego do desesperado e a placidez de quem não tem nada a dizer, o que temos é um texto bastante humano e afetuoso. Transcrevi a carta a seguir, sem correção de erros nem julgamento de valor. Enquanto a gente tem mania de floreios e complicações (nos textos e na vida), a carta de Maricá, do camarada que assina como Cuíca, é um tributo à simplicidade.
Maricá, 23/03/99
Oi! Tudo bem?
Por aqui está tudo bem, e pode ter certeza que não esqueci de vocês, esse tempo todo em que andei sumido foi devido a alguns compromissos com o vestibular, pois passei para a 2ª fase na UFF e na UERJ, e tive que estudar bastante, e após as provas estava saturado de ver tanto lápis, canetas, papéis, livros e etc..., e decidi curtir um pouco com os meus amigos para aliviar as tensões.
Falando sobre o resultado do vestibular eu consegui ser aprovado na UERJ, mas ainda não fui classificado, pois de 700 candidatos, minha posição foi 102º lugar para 80 vagas, e após 2 reclassificações, minha poisção atual é 84º lugar, e ainda falta 1 ou 2 reclassificações, e tenho chances de entrar no meio do ano. Um dos principais motivos para ainda não ter sido classificado foi a falta de experiência, pois não soube controlar o tempo, e deixei de passar a limpo duas questões de Geografia que estavam corretas porque acabou o tempo.
E teve mais um motivo para não ter mandado cartas para vocês, foi porque para continuar tendo chances de entrar na faculdade, tive que ir frequentemente para UERJ, mas agora estou mais tranquilo, estou frequentando a academia e procurando emprego, tentarei manter mais contato com vocês.
Antes que eu esqueça, só eu e a Clara passamos para a 2ª fase, a Clara já foi classificada, se Deus quizer serei o próximo.
Falando sobre o Carnaval, até que por aqui foi legal, pelo menos pra mim, pois conheci uma garota do Méier, nós ficamos no Carnaval, e algumas vezes mantemos contato por telefone, ela é demais...
Nos finais de semana tenho me divertido com os meus amigos do E.A.C, vou para festas, ou qualquer outro programa interessante, a única coisa que fico triste, é que não tenho muito contato com os meus amigos do colégio, que saudade, como o tempo passa rápido, queria voltar no tempo.
Mas o que importa é que graças a Deus nós todos estamos bem, e que mesmo através do pensamento estaremos sempre perto, pois a amizade, o carinho, é mais forte que a distância que nos separa.
Obrigado por terem lembrado do meu aniversário, é um dos presentes mais valiosos que Deus me deu, foram duas amigas tão especiais como vocês, que para sempre estarão guardadas no meu coração, não há presente de aniversário melhor, do que amigos te dizendo de coração Feliz Aniversário.
Agradeço a Deus por vocês existirem, e que esta amizade seja eterna como Ele.
Mande um abraço e um beijo para a Day e a mãe de vocês!
Tchau! Saudades!
CUÍCA BÃO!
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Um comentário:
Grande achado!
Eu, enquanto leitor da carta, senti em mim um pouco do carinho genuíno que o Cuíca quis transmitir a essas amigas.
Gostei da sensação de curiosidade que me tomou, e sentir ter de volta um carinho pelo escritor, como se fosse recíproco.
Obrigado e grande abraço.
Rodrigo
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