quinta-feira, 29 de julho de 2010



não sou freira
     e não sou puta




     sou pêra
sou fruta

sexta-feira, 23 de julho de 2010

ainda caio

que em três semanas vem e mexe, assim, de leve comigo. vem e farfalha. não promete, não diz nada. não diz que é amor eterno nem que é fogo de palha, mas insinua, faz ares de quem quer e de quem acredita que possamos evoluir além do passo dado. apresenta amigos, amigas, fala da vida e de como chegamos até aqui, até este ponto. nós dois numa mesa de bar, sozinhos, num momento só nosso, o que de mais nosso tivemos até então. virtualmente, somos só carência. na vida real, eu sei, é vida que nos tenta a cada instante, impulso carnal; tesão e cerveja. eu entendo. eu entendo tudo isso. nas três semanas eu quis e agora já não sei se quero; honestamente, acho que não. não quero discutir relações que não existem, não quero desconfianças e cobranças adicionais. eu quero é o sincero, o tête-à-tête. no fundo, eu sei que o que eu quero mesmo é alguma coisa que procurei incansavelmente nessas três semanas, mas que não encontrei. encontrei, em contrapartida, um tesão louquíssimo de minha parte, uma necessidade sexual intensa, quase violenta, voraz. encontrei também um brilho nos olhos surpreendente, uma candura e uma placidez que são lindas, mas que não se permitem. encontrei um dos sorrisos mais doces e irresistíveis que já vi. no entanto, desculpa, não era o que eu procurava, apesar de saber que cheguei perto, bem perto. faltou em você uma vontade de se dar, de se jogar de verdade. faltou vontade de escolha a meu favor. no mais, pro que se vai cedo é antes brisa que bofetada. e somos todos jovens, temos o mundo inteiro no nosso quintal. e eu poderia dizer que agora eu sei como o mundo funciona, dizer que não me engano mais, dizer que não caio mais nessa; mas é inevitável: ainda caio.

porque eu não consigo ser outra coisa diferente desse tipo de polvo que me tornei, sondando o mundo e as pessoas com tentáculos longos, procurando abraços em pedras no fundo do oceano.

ademais, agora eu sou de todos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Soneto LXIX



Garoto que ainda não me pertence,
Vou dançar pra você, eu sou fogosa
Eu tenho o mamilo bem cor-de-rosa
Eu sou Carla, a garota do pole dance

E se você me quiser, antes pense
Que eu cobro caro, mas sou carinhosa
Que se eu quiser, posso ser perigosa
Faço de tudo, normal ou nonsense

Mas se você fizer cara de mau
E então, me olhar com nojo, com desdém
Vir querendo fazer sexo comigo

O meu trabalho eu faço; faço bem
Mas como moral nenhuma eu não sigo
Se eu te chupar, eu arranco seu pau

sábado, 17 de julho de 2010

das amizades perdidas

Nessa semana, perdi uma amizade. Quiçá duas. Ah, foi o orkut que me contou. Foi assim: um dia, eu mandei um recado dizendo que estava com saudades. Depois de um tempo sem resposta, fui na página de recados e vi que meu recado não estava lá, que tinha sido apagado. Fiquei meio surpreso, na verdade, tão surpreso, que até supus que eu não tivesse mandado recado nenhum, que tinha havido algum erro no envio ou outro problema. Daí, mandei outro recado. Um recado mais doce, até. Reiterei que estava com saudades, fiz perguntas sobre a faculdade e sobre a vida. Não obtive respostas. Quando fui procurar, vi que não éramos mais amigos. Fui buscar o perfil através de amigos em comum. E lá estava, na frase de status, uma frase meio seca: alguma coisa sobre se deletar quem é descartável. Eu soube que era pra mim. Uma outra amizade nossa em comum também me deletou, mas sem frases de efeito. Sei lá. Fiquei triste. Fui sumariamente deletado do orkut e avisado de que nossa amizade tinha acabado. Confesso que tenho uma certa dificuldade ainda em lidar com isso. Primeiro, porque são pessoas que eu gosto, ainda gosto. E segundo, porque eu sempre fui acostumado a um senso de justiça, onde por mais que haja decisões unilaterais, sempre é dado direito de resposta, sempre se pode buscar um outro ângulo pros fatos, uma contraargumentação. É isso. O orkut me ensinou que sou descartável. Assim, fácil, sem conflitos. No mais, não vou pegar o telefone e ligar pra esclarecer essas coisas porque eu tenho algum orgulho. Mas não tenho raiva e nem ódio de ninguém. Nem rancor, ainda que algumas mágoas a gente acabe inevitavelmente guardando. Mas essas coisas fazem mal, sabe. Pra pele, pro cabelo. Vão deixando a gente feio, feio. No fundo, não acho que esse seja o caminho, não acho que valham a pena as coisas feitas dessa forma. Mas é bom a gente saber como funcionam as pessoas; no mais, eu cresço. Com sorte, até aprendo. Enfim, é isso. Foi desse jeito que eu perdi uma amizade. Quiçá duas.

natimorto

o feto
natimorto
por decreto
é quase aborto
é ruptura
antes do início
morte prematura
ao que no princípio
já não dura

é azar
jogo perdido
filho não tido

é ponderar

sem romance
pra se esgueirar
num relance
e prometer
adiante
arrefecer
do não quisto
e do mal-dito

é veredicto
sem vencer

é o não visto
é precipício
é o que não nasce
murro na face

desinício

quarta-feira, 14 de julho de 2010

desmotivo

mais é menos

destampa o tempo
destempero

entressafra dos dias
tudo é plástico
na ausência
da vontade

tudo é sopro
lufada de vento
frio polar

tarde geladas
ou quentes
entrementes
não importa

o que sobra
é o que não se diz

o que não se vê,
não se proclama

é o desmotivo
pro que se exclama
falta de flama
desmotivo
será castigo
ou abrigo

pros dias melhores que
hão de vir

enquanto a vida é estátua
sem pombos enquanto
a espera é compasso
marcado infinito

artimanha

pras coisas
que não acontecem?

sábado, 10 de julho de 2010

you and me

could write
a bad,


a bad




romance

sexta-feira, 9 de julho de 2010

do sono e da vigília

 
Amor, quanta coisa aconteceu enquanto você dormia... O mundo continuou girando suas engrenagens, como previsto. De minha parte, mantive os olhos atentos, fiz vigília pro nosso sono. Mas meu coração voou alto. Mais alto talvez do que devesse. Arrebataram-me outros amores, outros sorrisos. Houve outros encantos e outras cores, outras mãos, outros beijos. Na fanfarra dos olhos abertos, foi tudo alçando vôo, tudo se desprendendo e indo pra longe, pra outras paragens.

Mas se no acordado que estou, nas coisas que vejo, nítidas, claras, reais, penso ainda que nisso tudo você dorme e continua dormindo, e que apesar de talvez te recriminar por não ver as coisas que vejo e viver as coisas que vivo, fico aqui curioso e enternecido, perdido na possibilidade de seus encantos sonhados, no que acontece por detrás desses olhos que não vejo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

do dizer

que a pele não tremule
que a voz não trepide
e que não se tripudie
do passo dado amiúde

que a presença não atribule
que o vulto não associe
e que o bafejo não denuncie
o que quer que se simule

pois se nessa hora vã
dá-se vez ao verbo avulso
proferido por impulso
atropelando a mente sã

haverá de ser bonito
aquele choro convulso
ao se lhe tomar o pulso
dizendo o que não foi dito?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Carta de Maricá

Como vocês podem conferir aqui, não nego que sinto um certo fascínio pelas coisas achadas na rua. Se imagens já me atiçam, textos então, nem se fala. Se for uma carta, então, pronto: minha curiosidade é infinita!

Pois eis que nesse fim-de-semana, andando sozinho na Praia do Flamengo às seis e meia da manhã, cansado e querendo chegar logo em casa antes do sol ficar mais forte, encontro. Era um papel dobrado em 16 pedaços. Não resisto, abro. Era uma carta! Oriunda de Maricá, datada de 11 anos atrás e muitíssimo bem conservada. Assim, no meio da rua. Peguei, abri, corri os olhos. Era uma carta, de fato, uma carta de verdade. Não li naquela hora porque eu ainda tinha que andar umas seis quadras pra chegar em casa, mas levei comigo. Cheguei em casa, li.

É uma carta que não é boa e não é ruim. Entre o desasossego do desesperado e a placidez de quem não tem nada a dizer, o que temos é um texto bastante humano e afetuoso. Transcrevi a carta a seguir, sem correção de erros nem julgamento de valor. Enquanto a gente tem mania de floreios e complicações (nos textos e na vida), a carta de Maricá, do camarada que assina como Cuíca, é um tributo à simplicidade.



Maricá, 23/03/99

Oi! Tudo bem?

Por aqui está tudo bem, e pode ter certeza que não esqueci de vocês, esse tempo todo em que andei sumido foi devido a alguns compromissos com o vestibular, pois passei para a 2ª fase na UFF e na UERJ, e tive que estudar bastante, e após as provas estava saturado de ver tanto lápis, canetas, papéis, livros e etc..., e decidi curtir um pouco com os meus amigos para aliviar as tensões.

Falando sobre o resultado do vestibular eu consegui ser aprovado na UERJ, mas ainda não fui classificado, pois de 700 candidatos, minha posição foi 102º lugar para 80 vagas, e após 2 reclassificações, minha poisção atual é 84º lugar, e ainda falta 1 ou 2 reclassificações, e tenho chances de entrar no meio do ano. Um dos principais motivos para ainda não ter sido classificado foi a falta de experiência, pois não soube controlar o tempo, e deixei de passar a limpo duas questões de Geografia que estavam corretas porque acabou o tempo.

E teve mais um motivo para não ter mandado cartas para vocês, foi porque para continuar tendo chances de entrar na faculdade, tive que ir frequentemente para UERJ, mas agora estou mais tranquilo, estou frequentando a academia e procurando emprego, tentarei manter mais contato com vocês.

Antes que eu esqueça, só eu e a Clara passamos para a 2ª fase, a Clara já foi classificada, se Deus quizer serei o próximo.

Falando sobre o Carnaval, até que por aqui foi legal, pelo menos pra mim, pois conheci uma garota do Méier, nós ficamos no Carnaval, e algumas vezes mantemos contato por telefone, ela é demais...

Nos finais de semana tenho me divertido com os meus amigos do E.A.C, vou para festas, ou qualquer outro programa interessante, a única coisa que fico triste, é que não tenho muito contato com os meus amigos do colégio, que saudade, como o tempo passa rápido, queria voltar no tempo.

Mas o que importa é que graças a Deus nós todos estamos bem, e que mesmo através do pensamento estaremos sempre perto, pois a amizade, o carinho, é mais forte que a distância que nos separa.

Obrigado por terem lembrado do meu aniversário, é um dos presentes mais valiosos que Deus me deu, foram duas amigas tão especiais como vocês, que para sempre estarão guardadas no meu coração, não há presente de aniversário melhor, do que amigos te dizendo de coração Feliz Aniversário.

Agradeço a Deus por vocês existirem, e que esta amizade seja eterna como Ele.


Mande um abraço e um beijo para a Day e a mãe de vocês!

Tchau! Saudades!

CUÍCA BÃO!