terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Política



Retomando a última frase do post passado (“Eu prefiro a evolução à revolução.”), acho que é a hora de falarmos de política, até mesmo porque as eleições de 2010 estão aí. Mas eu não quero falar da política partidária, das disputas de poder entre Serra e Dilma, etéctera. Eu quero falar da política-política, da ideologia. Bom, minha orientação ideológica vem mudando significativamente ao longo do tempo. Não fui um jovem militante apenas por não ter força nem paciência pro engajamento (quem me conhece sabe que eu não sou lá uma pessoa muito engajada... rsrsrsrs), mas isso nunca me privou de ter minhas opiniões sólidas sobre a matéria. Ainda assim, participei de algumas passeatas, a maioria delas em defesa do passe livre para os estudantes. Não me arrependo, digo até que continuarei participando de passeatas sempre que achar que devo.

Eu fui um esquerdinha, como quase todos os jovens que entendem alguma coisa de política, especialmente os que estudaram no Colégio Pedro II. As coisas que você estuda, o que você lê, as desigualdades do mundo aí fora, tudo isso, fazem com que o pensamento siga uma espécie de desvio natural à esquerda. No fundo, acredito de verdade que ser de esquerda é muito mais fácil que ser de direita. Argumentativamente, são idéias muito mais defensáveis, muito mais humanas. Eu fui desses que sonhou com uma sociedade estabilizada e coletiva, onde o progresso de um seria o progresso de todos e vice-versa. Ideologicamente, a esquerda é mais bonita, claro. Além do que, discutir o marxismo numa mesa de bar e ter lido “Lênin no Poder” aos dezessete me tornam uma pessoa muito mais interessante. Mas e aí? E na prática, como é que fica?

Bom, na prática, é o que temos aí. Cuba, depois de 40 anos de Fidel Castro no poder, é uma república de bananas como qualquer outra ilhota caribenha. A grande diferença é que lá as pessoas não podem se expressar e são obrigadas a viver com um kit-sobrevivência por mês. Ok, há sempre o argumento contrário de que lá a educação é de ponta e as pessoas não passam fome. But that’s not the point. A Rihanna deu sorte de nascer em Barbados... Mas enfim, a questão é menos Cuba e mais a Rússia e a China. Na Rússia e na China, o terror vermelho é instaurado. Há ausência de liberdade de expressão e de liberdades individuais. O governo monitora a Internet e as demais redes de telecomunicações. E mata também. Repressão, essa é a cara da esquerda. E não é de hoje. A esquerda sempre foi assim, é uma questão de querer ver. Eu sei, é muito fácil sermos comunistas aqui. Mas esse ano eu fui pra Europa, pro Leste Europeu, e conheci o outro lado da verdade. Foi na Letônia, especificamente, que eu vi o quanto a Rússia e sua proposta comunista anexadora fez mal aos outros povos, o quanto a russificação forçada do povo e das instituições arrasou a moral, a língua e a cultura dos países anexados à extinta URSS. Estive lendo por esses dias sobre a Primavera de Praga e vejo o quanto a esquerda russa foi um retrocesso pr’aqueles povos, um entrave à evolução. Só agora eu vejo como a Rússia foi uma espécie de Igreja Católica da era contemporânea, condenando vários povos a um neo-medievalismo injustificável sob qualquer esfera. Essa minha eureka súbita quanto ao mal vermelho não me move à direita, no entanto. Eu vejo o quanto o sistema capitalista faz mal os povos da África e da Ásia através do imperialismo. Eu vejo a fome e a miséria como efeitos (colaterais?) do sistema, eu sei de tudo isso. Eu vejo tudo de ruim que há, não estou cegado pelas novas idéias, pelos novos pontos de vista. Mas o fato é: a esquerda fede. Ok, vou ser específico, não é a esquerda. O que fede é o totalitarismo, que, nos dias de hoje, se apresenta somente nos regimes de esquerda.

No fundo, eu acho bastante engraçado como a Humanidade é leniente com os regimes de esquerda como não somos com os de direita. Todos os países latino-americanos reviram seus baús para exorcizar os fantasmas da ditadura; torturadores nazistas são presos a um passo da morte em países como Alemanha e Polônia para que paguem por seus crimes ainda em vida; eu acho isso tudo muito certo, se querem saber. Aqui se faz, aqui se paga. Mas do outro lado da moeda, temos Mao Tse-Tung e Stálin, dois dos maiores assassinos da história da Humanidade, com seus bustos expostos em praças nobres em seus respectivos países de origem. Homenagem pra quê? Sim, a Humanidade perdoa e perdoará os de esquerda, que passam à História como mártires ou como heróis. Stálin é tão ruim quanto Hitler, pergunte a uma mãe que teve seus filhos assassinados na Rússia. Essa leniência chega a patamares tão absurdos que o nazismo é considerado crime e o comunismo e o anarquismo continuam não sendo. Como pode existir uma representação partidária instituída cujo fim último é a dissolução do Estado?

De verdade, nos dias de hoje, acredito que toda essa discussão entre direita e esquerda é já um pouco ultrapassada. Do papel à prática, o comunismo foi de médico a monstro. Não que eu seja descrente do poder do cidadão e da melhoria política, em termos de conscientização e participação. Não que eu não acredite num outro sistema político. Se for melhor, que venha. Mas o que não dá para aturarmos mais é o totalitarismo e o autoritarismo, em nenhuma instância, sob nenhuma hipótese, em pleno século XXI. Não me importam se as orientações político-ideológicas que defendem esses sistemas são de esquerda, de direita ou de diagonal. São inadmissíveis, sempre. Eu sou um liberal. E digo isso um pouco na contramão dos vícios de linguagem e das variações semânticas causadas pelo uso, reuso e mau uso da palavra. Eu sou um liberal no sentido cru do verbete, liberal de liberdade. Em não havendo melhores propostas, me arrisco a dizer que sou um democrata, menos por afirmação e mais pela negação de tudo que é antidemocrático e que, por conseguinte, atenta contra os direitos humanos e a liberdade.


Você, leitor, que acha que tudo que eu estou dizendo é uma grande asneira e que eu não devo valer nem o feijão que eu como com essas idéias tão estapafúrdias e sem fundamento, pense no quão feliz é você, que é livre pra rebater meus argumentos, pra discordar, pra me criticar abertamente.

Um comentário:

julie; disse...

por isso eu nao discuto com minha mae que ama a china e acha que la o comunismo faz maravilhas na vida das pessoas,como varias pessoas acham qndo pensam nos "beneficios" que é ter um país de esquerda. Nao sei q beneficios. Pior q cuba acho q a coreia do norte, uma vez eu li q la todos usavam cinza numa epoca, nao sei se isso é lenda, mas acho o fim da mordida pq nem na epoca do nazismo foi assim haha (nao sei pq ri,mas acho q cinza eh horrivel, imagina causar depressao em massa?)
Outra coisa da china: Alem do fato de q la eles sacrificam animais em prol de uma medicina alternativa q parece mais eh curandeirismo, e ta eu sei q isso nao eh politica mas me irrita tanto quanto o fato da forma como governam aquele pais de mao de obra barata e produtos tensos. HUAHSU