domingo, 27 de novembro de 2011

UFF, Niterói.



Amar conscientemente alguma coisa, creio, não é muito difícil. Descobrir o amor em coisas, pessoas, lugares, e se deixar levar (às vezes, até demais) é uma coisa que acontece com todo mundo, o tempo todo. Todo mundo tem alguns bons exemplos e eu tenho os meus: UNIRIO, CPII, Botafogo. Falo de lugares (e não de pessoas) porque eu não sou besta: abertura de vida tem um limite. =P

O amor explícito é algo que se vê e se mostra, não se esconde e não deixa dúvidas. Sim, é amor. Mas é claro que é amor. Como eu poderia dizer que não amo a UNIRIO? Todos sabem. Além do fato de eu dizer isso o tempo todo, as pessoas veem, sentem. Como esconder meu sorriso quando ando pelas ruas de Botafogo, sem uma razão específica, só pelo fato de estar em Botafogo?

Mas existe um outro tipo de amor. Esse é um amor inconsciente. E esse amor inconsciente pode se travestir de ódio, raiva, e até de obrigação. É assim com a UFF. E com a cidade de Niterói como um todo.

Houve um tempo (que não acabou tanto assim) em que Niterói era um bode expiatório para todos os meus problemas. Tudo era culpa de Niterói. Era de lá que vinham todos os males do mundo: amaldiçoei a barca, a ponte e tudo que houvesse do lado de lá. Um belo dia, fiz as pazes com a cidade. Mas aí, logo comecei a blasfemar contra a UFF. A UFF virou o bode expiatório da vez. Tudo era culpa da UFF. A UFF me sacaneava, ninguém queria deixar eu me formar, etc... E a UFF fica em Niterói... Por conseguinte, confundir as coisas todas, de novo, foi facílimo. E tome-lhe blasfemar contra a cidade e criar ódio, raiva, etc...

Depois de fazer as pazes mais uma vez, e ficar quase um ano longe de Niterói, eis que me pego de volta aos bancos escolares da UFF. E as reclamações não tardam. Agora é culpa de Niterói e da UFF todo o meu cansaço, toda a minha indisposição pra fazer qualquer coisa. Tem vezes em que eu me arrasto até às barcas, e blasfemo, e reclamo, e digo que não quero. Mas vou.

No fim das contas, um dia me caiu a ficha de que EU NÃO SOU OBRIGADO a ir pra Niterói, e de que estar na UFF é UMA ESCOLHA minha.

Depois desse click de obviedade (porque as coisas óbvias são as mais difíceis de enxergar), consegui perceber que eu estou conseguindo desenvolver um amor genuíno pela UFF. E por Niterói, um amor ainda mais genuíno, porque mais complexo.

Sim, amo tanto Niterói que brigo com a cidade todos os dias, mas sempre me reconcilio. Blasfemo, mas sou feliz quando tomo meu sorvete na Crema & Cioccolato, ou meu iogurte na Cahu do Ingá. Sou feliz à beça. Sou feliz quando pego a barca velha e vou admirando a paisagem da cidade que deixo pra trás ou daquela que meus olhos veem se aproximar ao longe. Eu amo Niterói ainda mais porque não é fácil, e também porque nesse amor eu consigo e posso ser tanta coisa, eu consigo e posso sentir tanta coisa diferente e misturada!

Quando eu digo Niterói, eu falo de 1/5 da cidade, que deve ser mais ou menos o que eu conheço. Mas é suficiente. Vou deixar para que as outras partes me tomem o sentimento aos poucos, os mais diversos.

Agora eu sei que amo Niterói, e digo mais, preciso que Niterói exista. Já me perguntaram se eu moraria lá e a resposta é: provavelmente não. Se eu passar a morar em Niterói, haveria de haver um outro lugar como o Rio de Janeiro ou Petrópolis ou Paquetá que pudesse, de fato, ocupar o espaço simbólico de “um outro lugar”. Minha história de amor com Niterói é construída na porrada, todos os dias, mas tem que ser assim.

Preciso de Niterói pra ser minha tequila, porque licor de chocolate eu já sei onde encontrar.

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