sábado, 27 de março de 2010

Carta aberta ao mundo



Mundo,

Espero que você saiba quem você mesmo seja. Você, mundo, é o meu mundo e é todo mundo, é o imundo e o submundo, o desmundo, o fundo das nossas cabeças, nossa pele e nossa casca, nossas idéias: as brilhantes e as estridentes; nossas vozes e nossas cores, nossas terras, nossas entranhas, nossas ausências e nossos muros; estrelas, galáxias, garrafas de vidro ao mar, garrafas de plástico boiando num rio, lendas, mitos, letras, códigos; sirenes e arbustos, santos, vocábulos, meias de algodão e de feltro, pedaços de dedos humanos carcomidos pela guerra ou pelo tempo, restos fósseis; petróleo e gana, piedade, todas as lápides, a saúde e a música; o mérito e o meretrício; aqueles que não têm nome, aquelas coisas que não são nada; o iodo e o bário, o formol; a contracapa da revista, as vicissitudes e idiossincrasias; eles, você, eu.

Então, mundo, diga lá: é tudo de propósito?

Um beijo,

Você

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