Vendedores, de forma geral, são irritantes. Mas poucas coisas me irritam mais do que vendedores de farmácia. Não, não são os farmacêuticos que ficam atrás do balcão. São os vendedores mesmo, que circulam entre os esmaltes e tintas pra cabelo. Em primeiro lugar, eles são totalmente desnecessários, isto é, na quantidade em que existem. Tenho fé que um dia os donos de farmácia vão entender que poderiam muito bem trabalhar com metade ou um terço do contingente de vendedores.
Mas, como se não bastasse apenas a existência desses seres (que, como já disse, é mais do que suficiente pra irritar qualquer consumidor), eles sempre vêm pra te oferecer uma pseudo-ajuda, com as cestinhas, as malditas cestinhas. Não sei se é assim em todo lugar, mas aqui no Rio isso é bastante corriqueiro. Você entra na farmácia e já vem alguém te dando uma cestinha, sem ao menos você pedir. Dentro dessa cestinha, onde você supostamente colocará as suas compras (desodorante, shampoo, etc...), tem uma ficha com um número. Esse número é o código do vendedor e quando você passa suas mercadorias pelo caixa, fica registrado que o vendedor Alfabetagama te vendeu aqueles produtos e que vai ganhar uma comissão em cima das suas compras. Acho que eu, como consumidor, deveria somente ganhar a cestinha com o número quando o vendedor efetivamente me ajudasse a encontrar um produto que eu não acho, ou me ajudasse de alguma forma, sugerindo um produto, mostrando um lançamento, etc... Mas não, basta que a pessoa me dê uma maldita cesta sem nem olhar pra minha cara e pronto, já vai ganhar dinheiro às minhas custas. Mas sabem o que eu faço, muitas vezes? Recuso. Recuso solenemente a cesta. E muitas dessas vezes (olha o tamanho do abuso!), o vendedor pede apenas “então leva esse número lá no caixa”, retirando a cesta e me dando apenas a ficha com o número. E eu, digo, “Não, não. Não precisa.”, enquanto esboço um sorriso amarelo e uma cara meio sem paciência e me dirijo ao caixa sem qualquer ficha.
Certa vez, em uma farmácia, foram me oferecidos três números, de três vendedores diferentes. Fui recusando todos, um por um. “Mas é só apresentar o número no caixa”, disse a vendedora, levantando levemente a voz. E eu, sorridente, “Não, não, não precisa”, enquanto pensava que eu não iria de forma alguma dar dinheiro a um vendedor que não me atendeu, até porque eu não precisava de nenhuma ajuda.
É tão difícil assim entender que nem todo mundo precisa de ajuda quando vai comprar alguma coisa numa farmácia? Eles todos devem me detestar. Mas lamento, lamento muito. Só faço o que acho que devo.