O ano de 2010 foi (ok, está sendo ainda) um ano bastante peculiar. Naturalmente, não havia meios de ser melhor que 2009, que foi simplesmente o melhor ano da minha vida. Mas eu vou ter que aprender a não nivelar as coisas tão por cima assim. Mas não posso botar a culpa em 2010. Se 2010 não foi bom, ou não foi exatamente do jeito que eu quis, a culpa é toda minha!
Explico: 2010 foi um ano em que eu decidi! Foi um ano de grandes decisões e grandes rupturas. Foi um ano de um aprendizado intenso. Sabe essa gente que se fode, mas aprende? Então.
O ano começou lindo. Tive o melhor Reveillòn da minha vida. Em seguida, tive um Carnaval mágico. Se não foi o melhor da minha vida, é algo assim, que só se compara ao Carnaval de 2006.
Mas depois do Carnaval, ah, foi tudo começando a desandar e 2010 foi mostrando suas garras afiadas. Saí do meu emprego. Eu, funcionário público, estável. Joguei fora. Joguei fora também um relacionamento [lindo!] que eu tinha em busca de uma outra coisa, de uma proposta nova que não deu em nada. No fim das contas, acabei trocando um namoro por uma nova amizade [ótima!]. Não sei se foi justo, se foi certo, se foi a melhor escolha. Mas 2010 é isso. É perceber que cada escolha tem um preço.
Não me arrependo de ter feito escolhas. Na verdade, não me arrependo nem mesmo das escolhas que eu fiz. Até porque eu paguei com juros e correções monetárias o preço de tudo que eu escolhi. A única coisa que eu me arrependo [mesmo!] é de não ter chamado de amor o que era amor. Isso foi uma burrice, uma coisa assim de quem tem um coração de pedra que eu não me proponho a ser mais.
No fim das contas, quando eu achei que estava bem, eu ainda saí da análise. Estive à beira de um surto? Não, não digo. Mas houve momentos em que os dias foram tediosos, muito tediosos, houve momentos em que as coisas pareciam insustentáveis em si mesmas, insuportáveis. Foram seis meses do meu pedido de demissão até a admissão no meu outro emprego, seis meses que foram uma espécie de vácuo onde nada acontecia.
Do namoro terminado, alguns dias e noites de choro, bateção de cabeça, solidão. Solidão mesmo. Sabe essa coisa de ficar procurando a pessoa certa nas pessoas erradas? Fiquei algum tempo investindo em microrrelacionamentos que não davam certo, que não iam pra frente. Tive alguns encantamentos, posso dizer que cheguei bem perto de me apaixonar [será que eu me apaixonei?], mas parecia que sempre faltava alguma coisa.
Paguei [e ainda pago] com o corpo o preço das escolhas todas, das rupturas que busquei: crises de ansiedade e enjôos crônicos que, depois de TODOS os exames possíveis e imagináveis, constatei que são de origem psicossomática.
De bom mesmo, meu mestrado acabou. Acabou tarde, passando da hora já. E agora eu tenho um diploma que não sei bem pra quê que serve.
Mas fiz amizades, reforcei alguns outros laços importantes. Minha vida literária começou a frutificar, ganhei dois prêmios literários. Em 2010, eu deixei de ser prosaico e passei a ser poético. Passei num concurso e tenho um emprego legal, mas não consigo ver isso como uma grande conquista, porque dado o tempo que fiquei sem fazer nada [só estudando], tenho pra mim que não fiz mais do que minha obrigação.
Em 2010, eu descobri que tem muita gente legal no mundo e que eu posso ir pra uma mesa de bar ou pra uma festa com todas elas. Mas meus amigos mesmo, de verdade, eu conto nos dedos. Mas é lógico que eu não estou fechado a novas amizades, eu estou construindo amizades duradouras em 2010 [inclusive no trabalho, quem diria?]. Ah sim, em 2010 eu perdi amizades também. Mas quanto às amizades que perdi, quero mais é que se fodam. :)
Voltei pra análise e tenho discutidos esses pontos que me afligem. Sou uma pessoa legal, no fim das contas. Sou muito menos filho-da-puta do que me pintam e do que eu mesmo posso me achar às vezes. Em 2010, eu dependi da night pra ser alguém, eu vi meus parâmetros serem distorcidos de forma paulatina e sorrateira. Quando eu vi, eu gastava mais dinheiro com roupas do que com livros. Eu fiquei fútil. Em 2010, eu me perdi.
Mas vejam, só; no fim das contas, acho que amadureci tanto que virei adulto, mas adulto de verdade. Do alto dos meus 23 anos, vejo que há cada vez menos resquícios da adolescência em mim. E ser adulto é bom.
Tive uma grata surpresa neste fim de ano: o amor. O amor brota do nada, e é isso. Dia desses eu perguntei, acho que aqui mesmo no blog: “O que é que nos move à frente, ou ainda, o que não nos move?” Agora pra mim é muito claro que a resposta pra isso é o amor. É o amor que nos move à frente ou nos freia, e isso é claro pra mim, é claríssimo.
É engraçado perceber que a gente está sempre se transformando. Não me imagino com esse tipo de raciocínio há pouco tempo atrás e não me imaginava falando de amor tão sem pudores e sem rodeios. Mas sim, amor, amor! No fundo, é o que vale.
Porque esse foi um ano em que em nenhum momento me faltou dinheiro. Mas durante muito tempo me faltou o amor. E foi aí que eu percebi que não importa o dinheiro: sem amor, você não vai a lugar nenhum. E esse foi o meu grande ensinamento de 2010!
Dezembro de 2010, quando o amor sorriu pra mim, é o prenúncio de um 2011 fantástico, absoluto. Quero mais amor e mais felicidade, mais sentimento. E é o que eu desejo a vocês todos: muito mais do que não se compra e não se vende, uma vida menos supérflua e mais verdadeira, mais de verdade. Amor, saúde, paz, harmonia, tudo de bom pra quem estiver lendo e mesmo pra quem não estiver lendo, mas me preza e gosta de mim.
Tchau, 2010! Sou grato pelos ensinamentos, mas quitei todas as minhas dívidas.
Que venha 2011, há de ser um deleite!
Beijos,
Igor