sexta-feira, 18 de junho de 2010

Esfregar os olhos

Às vezes, tenho ímpetos esquisitos e muitíssimo prazerosos de esfregar os olhos com violência. Sou tomado de assalto por essa vontade súbita que me acomete de quando em quando: no meio da rua, dentro do ônibus, numa reunião. E ocorre que não posso nunca me furtar a essa vontade, não por um capricho ou qualquer coisa que o valha, mas porque a vontade quando vem logo se transforma em uma necessidade, uma necessidade enorme, inextinguível. Daí, esfrego os olhos com vontade, quase com volúpia e às vistas de quem houver, sem ousar fingir uma vergonha que não existe. Pressiono os olhos para dentro com as palmas das mãos e faço movimentos circulares, enquanto os dedos aproveitam para acariciar os cabelos. Pressiono até que as pálpebras se aqueçam ou que os olhos doam, o que acontecer primeiro. Quando abro os olhos, vêm os vagalumes. Infinitos pontos luminosos pululam numa imagem turva e desfocada, alguns espectros como que em negativo, algumas cores desajustadas. A imagem desarranjada, quase lisérgica, procura se ajustar à realidade enquanto os vagalumes começam a escassear. A um dado momento, todos os vagalumes somem, voltam para seus contos de fada, para seus reinos encantados. Quando isso acontece, ostento um cansaço sereno. Às vezes, me olham com desdém; às vezes, sou tachado de louco. Sinceramente, não importa muito. Não posso culpá-los por não entender quando depois de tudo, eu sorrio deliciosamente, os cabelos muito desgrenhados.

sábado, 5 de junho de 2010

Es_quadro


a moldura e_moldura

e cada es_cada

sacada

e cola es_cola

sacola

e tu es_guia

e tu es_mola

e tu-do:mina

e tu-do:ía

e TU_do_EU

[doeu!]



E tu_do-ce_do



Cede, seda

Sê tu-do-ce